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domingo, 21 de fevereiro de 2010


"Se, para certos críticos, nada há senão palavras soltas em frases inacabadas, "qua-qua", repetições, anomalias tipográficas, devendo ser apenas considerado como o romance da desintegração da linguagem, melhor será, porém, como outros, considerar equivocada tal interpretação que vê um Beckett abdicando de qualquer conteúdo. A obra não é, não pode ser gratuita; seria uma diminuição do seu valor. Parece antes corresponder à angústia, ainda que reprimida, de um autor marcado pelos horrores que viu, e pressentiu, durante a guerra, e que poderão repetir-se. Portanto, um alerta: a Europa e o mundo estão em perigo, sob ameaça. Pense-se nos bilhões e trilhões, um número infinito de vítimas e carrascos, rastejantes... O horror da guerra e do pós-guerra, estilizado [...]."

(pág 56.
Berrettini, Célia. Samuel Beckett escritor plural. Ed. Perspectiva. 2004. São Paulo)