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quinta-feira, 22 de abril de 2010

proporcionalidade - primeiro ato

Na pesquisa sobre proporcionalidade que adentra a obra “Esperando Godot” de Samuel Beckett, precisamente no primeiro ato, percebo traços marcantes deste estudo localizado no texto, nos gestos e na movimentação cênica. Trata-se de uma estrutura muito bem definida, impregnada de circularidade que faz com que a repetição seja à base da obra.
A proporção escolhida foi 3.1, pelo seu valor estético, pela sua parcialidade, pela não equivalência e por ser uma medida que cabe perfeitamente na obra, ainda mais quando se trata de um elenco com quatro atrizes. Essa escolha foi desenvolvida através do princípio de desplugamento, ou seja, um olhar outro sobre a cena. O erro é o alicerce do jogo, pois o acerto é excluído desse contexto. Os jogadores se revoltam com a estrutura definida, podendo se desplugar; possuindo a tarefa de perceber o erro e tentar ou não apaziguá-lo. Essa é a figura do “Corifeu”, membro destacado do “Coro”, que tem um desejo de modificar a estrutura determinada. Porém, a circularidade faz com que haja transferência da figura Coro e Corifeu através de uma temporalidade.
A proporção 3.1 encontram-se:
- No texto pela estória narrada por Vladimir dos quatro evangelistas, onde apenas um fala de ladrão salvo.
- Na movimentação cênica, através do solilóquio de Lucky que gera um tipo de inversão, faz com que Vladimir , Estragon e Pozzo alternam-se com Lucky.
- Nos gestos, quando os três (Gogo, Didi, e Pozzo) tiram o chapéu ao mesmo tempo, levantam a mão à testa, se concentram, franzem o cenho e permanecem em silêncio, enquanto Lucky encontra-se estacado com a sua carga.